sexta-feira, 5 de junho de 2015
E se o dinheiro não existisse?
Se o mundo decidisse que o dinheiro é
a causa de todos os males da humanidade e a moeda fosse eliminada, iríamos
concluir que este seria bem mais difícil sem ele.
O escambo, a forma mais antiga de comércio, que se baseia na
troca de mercadorias por mercadorias, é um meio trabalhoso e demorado na medida
em que pressupõe sempre uma dupla coincidência de desejos. Por exemplo, um
indivíduo que fabrique remédios e precise de comprar arroz, tem de ter sorte em
encontrar um agricultor de arroz doente que precise da sua mercadoria.
Para muitos, acabar com a moeda seria
voltar atrás no tempo: “Passaríamos mais tempo a tentar satisfazer a dupla
coincidência de desejos do que a produzir e dessa forma o PIB da Economia seria
drasticamente reduzido” – Alexandre Schwartsman.
Num mundo onde era preciso existir trocas
que garantissem a sobrevivência, não havia tempo para produzir bens
sofisticados, como ciência ou cultura. Se a população se mantivesse firme no propósito de não voltar a usar
nenhuma moeda comum de troca, o comércio entraria em colapso.
As cidades, que são os centros mais intensos de troca na economia,
seriam abandonadas e as pessoas migrariam para o campo, para viver em pequenos
grupos autossuficientes. Aos poucos, a civilização que conhecemos deixaria de
existir e viveríamos uma nova versão da Idade Média.
O Banco de Tempo. Objectivos/Princípios/Regras.
OBJECTIVOS:
- Apoiar a família e a conciliação entre vida profissional e familiar,
através da oferta de soluções práticas de organização da vida quotidiana;
- Reforçar as redes sociais de apoio, diminuir a solidão e promover o
sentido de comunidade e de vizinhança;
- Promover a colaboração entre pessoas de diferentes gerações e origens;
- Contribuir para a construção de uma cultura de solidariedade e para o
estabelecimento de relações sociais mais humanas e igualitárias;
- Valorizar o tempo e o cuidado dos outros;
- Estimular os talentos e promover o reconhecimento das capacidades de
cada um/a;
PRINCÍPIOS:
- Troca-se tempo por tempo: a unidade de valor e de troca é a hora;
- Todas as horas têm o mesmo valor: não há serviços mais valiosos do que
outros;
- Há obrigatoriedade de intercâmbio: todos os membros têm que dar e
receber tempo;
- A troca não é directa: o tempo prestado por um membro é-lhe retribuído
por qualquer outro membro;
- A troca assenta na boa vontade e na lógica das relações de “boa
vizinhança”: os serviços prestados correspondem a actividades que se
realizam com gosto e, para as realizar, não podem exigir-se aos membros
certificados ou habilitações profissionais.
REGRAS:
- Como posso tornar-me membro do Banco de Tempo?
Qualquer pessoa que se reveja na
proposta do Banco de Tempo e se disponibilize para dar e receber tempo, poderá
tornar-se membro. Terá que dirigir-se a uma agência do Banco de Tempo, próxima
da área de residência, onde fará uma entrevista de acolhimento. Ao longo da
entrevista tomará conhecimento do modo de funcionamento do Banco e preencherá
uma ficha de membro (indicando dados pessoais, pessoas de referência e serviços
que pretende oferecer e pedir).
Para se tornar membro a pessoa terá também que assinar um documento onde declara que tem conhecimento e aceita os objectivos, princípios e modo de funcionamento do Banco de Tempo e que se compromete a respeitar e cumprir os seus deveres enquanto membro. Se for menor de idade terá que obter a autorização do/a Encarregado/a de Educação.
Para se tornar membro a pessoa terá também que assinar um documento onde declara que tem conhecimento e aceita os objectivos, princípios e modo de funcionamento do Banco de Tempo e que se compromete a respeitar e cumprir os seus deveres enquanto membro. Se for menor de idade terá que obter a autorização do/a Encarregado/a de Educação.
- Como trocar?
Quando alguém precisa de um serviço,
contacta a sua agência do Banco de Tempo que vai procurar um membro que o possa
realizar e, depois, coloca os membros em contacto.
Quando contactados pela agência para saber se podem prestar um serviço, os membros podem dizer que não estão disponíveis. Caso um membro se tenha comprometido a prestar um serviço e, por qualquer motivo, não possa prestá-lo, deverá informar o membro que está a contar consigo e/ou a agência.
Quando contactados pela agência para saber se podem prestar um serviço, os membros podem dizer que não estão disponíveis. Caso um membro se tenha comprometido a prestar um serviço e, por qualquer motivo, não possa prestá-lo, deverá informar o membro que está a contar consigo e/ou a agência.
- Como é feito o pagamento do serviço?
No fim da troca o pagamento do serviço é
feito através de um cheque de tempo, onde se regista a duração do
serviço. A hora é divisível em meia hora, fazendo-se um arredondamento por
excesso (mais que 15 minutos), ou por defeito (menos que 15 minutos).
Quem recebeu o cheque deverá depositá-lo na agência do Banco de Tempo, para que seja creditado, na sua conta, o tempo que usou na prestação do serviço e debitado na conta do membro que o recebeu.
Quem recebeu o cheque deverá depositá-lo na agência do Banco de Tempo, para que seja creditado, na sua conta, o tempo que usou na prestação do serviço e debitado na conta do membro que o recebeu.
- Há um limite de horas de débito ou crédito?
O limite máximo de diferença entre horas
recebidas e oferecidas é de 20 horas. Portanto, quando um membro tem 20 horas
de crédito, não pode continuar a dar o seu tempo antes de pedir um serviço a
qualquer outro membro. Se, pelo contrário, o membro tem 20 horas de débito é
altura da Agência do Banco de Tempo estimular a procura dos serviços disponibilizados
por aquele membro para que possa continuar a trocar.
- O que acontece em caso de faltas ou acidentes?
O Banco de Tempo não se responsabiliza
pelo incumprimento dos membros ou por acidentes que envolvam bens ou pessoas
ocorridos durante a troca de serviços.
- O que acontece no caso de incumprimento dos
membros?
As situações de incumprimento serão
analisadas pela equipa coordenadora da Agência do Banco de Tempo, em conjunto
com o membro em causa. Incidentes considerados graves poderão justificar a
expulsão do membro.
(documentos retirados de:
bancodetempo.net)
O caso de Mark Boyle, fundador do Freeeconomy
Mark Boyle,
economista irlandês e antigo empresário vive há três anos sem ver a cor
do dinheiro.
Sua estudada opção que no dia 29 de Novembro de 2008
passou a fazer parte da sua vida e resolveu virar costas aos normais hábitos de
vida e embarcou numa aventura de autossuficiência utilizando trocas directas e
exemplos como uma casa de banho de compostagem e pasta de dentes de choco.
Boyle vive numa quinta em Bristol, Inglaterra e até há data tem conseguido o
seu objectivo.
Foi fundador do Freeconomy, um movimento que tem como
objectivo a relação do simples acto de partilha entre comunidades, e este tem vindo
a ganhar seguidores em todo o mundo pelas redes sociais, pois já conta com mais
de 30mil.
Em entrevista a Mark Boyle foi perguntado o “Porquê
sem dinheiro” e á dificuldade da falta dele ao qual em algumas citações do seu
livro “O Homem sem dinheiro” respondeu;
"O dinheiro é um pouco de amor. Passamos toda a
nossa vida atrás dele, contudo, apenas alguns de nós compreendem o que ele é
realmente"
"Percorrer o caminho de uma vida sem dinheiro é
como percorrer uma floresta virgem a meio da noite sem lanterna. (…) Não
fazemos ideia do que está à nossa frente ou o quanto devemos caminhar. Todavia
caminhamos. Inevitavelmente, tropeçamos, caímos, magoamo-nos, mas levantamo-nos
de novo. (…)"
Confessa ainda que “nunca foi mais feliz” mas não
esconde a falta de algumas coisas que o mundo monetário lhe proporcionava como
“Ir a um pub” é algo que sente saudade.
“If we grew our
own food, we wouldn’t waste a third of it as we do today. If we made our own
tables and chairs, we wouldn’t throw them out the moment we changed the
interior décor. If we had to clean our own drinking water, we probably wouldn’t
shit in it.” Mark Boyle
O Banco de Tempo. O que é?
O Banco de
tempo é um sistema de organização de trocas, que vai de encontro á oferta e
procura de serviços variados entre os seus membros.
Neste banco troca-se tempo por tempo, ou
seja, todas as horas têm o mesmo valor e os seus participantes comprometem-se a
dar e a receber tempo.
Caracteriza-se por ser uma ideia bastante original
pois neste sistema de serviços não há existência de dinheiro, cheques,
honorários, bens tangíveis ou algo monetário.
Na prática como é que isto funciona;
Por exemplo, se um membro especializado em piano e
flauta, que possa dar aulas e/ou ensinar, procurar aprender alemão, este
contacta a agência (Banco), e os mesmos ficam encarregues de encontrar um outro
membro que lhe possa dar aulas de alemão.
Caso esta procura tenha sucesso e o membro encontrado
tenha leccionado por exemplo 40 horas de alemão. Quem solicitou o serviço terá
já de ter um cheque de tempo de 40 horas á priori e vai então
depositá-lo na conta do membro que se disponibilizou para prestar o serviço, ou
vice-versa caso o membro que leccionou as aulas de alemão necessitar de 40
horas de aulas de piano.
Ilhas Pitcairn - Caso Insólito
As Ilhas Pitcairn situam-se
na região do Pacífico Sul e caracteriza-se por ser um arquipélago bastante
remoto e com algumas particularidades.
A última colónia britânica e ancestralmente habitada por polinésios, apenas
conta com cerca de 10 habitantes por km2.
Este arquipélago que foi outrora visitado por navios
portugueses era inicialmente uma comunidade sem lei com um elevado número de
crimes até ao século XIX. Geograficamente tem características
de humidade, clima tropical e origem vulcânica.
Contudo, esta ilha, conta com uma característica
bastante diferente. Visto o seu tamanho e população ser bastante reduzido, o
seu sistema financeiro não tem praticamente relevância e, a sua economia
baseia-se no escambo ou troca
directa, ou seja, os habitantes das ilhas produzem os seus próprios
alimentos ou bens e fazem troca com cargueiros passantes da mesma ou usando a
pesca em comunidade como forma de sobrevivência e troca.
Excepcionalmente, quando o dinheiro é utilizado
emprega-se o dólar neozelandês no entanto o dólar americano e australiano é
facilmente aceite.
Não existe emprego para não-residentes e apenas alguns
trabalhos básicos são suportados ou remunerados pelo governo da Nova Zelândia.
A sua principal actividade económica é a produção de
mel e as suas abelhas estão certificadas como livres de doenças.
Uma enorme barreira com este tipo de economia dá-se
quando um habitante deste arquipélago pretende mudar-se ou ir viver para outro
país, pois depara-se com o problema de não poder vender os seus bens como por
exemplo uma casa ou um carro. Então, habitualmente, por e simplesmente
desfazem-se dos seus bens ou trocam-no for bens tangíveis e de fácil
mobilidade.
terça-feira, 2 de junho de 2015
Escambo/Troca Directa - Definição
A troca directa ou
simplesmente troca define-se por uma transacção em que cada uma das partes
entrega um bem ou presta um determinado serviço para receber outro em retorno,
sem que haja dinheiro/moeda como parte integrante no negócio, ou seja, por
exemplo um pescador com um agricultor pratica escambo/troca directa trocando
dois robalos por 20 batatas.

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